Tomates Vermelhos Crus


Silvana Righi

Não sei escolher frutas e legumes. O que poderia também ser uma metáfora para algumas escolhas ao longo da minha vida. Mas quero falar de verdura, ou melhor, de fruta. Sempre esqueço que tomate é fruta.

Em um dia banal da semana, no meio do supermercado, mais precisamente no Horti Fruti, eu encontrei a felicidade. Alcancei o tal nirvana. Feliz, a agarrei, mas com cuidado para não amassar, e me entreguei à mais pura e simples alegria por ter em minha mão um singelo tomate italiano.

Ele nem era bonito como a beringela que o Antônio Prata enaltece em uma crônica dele. Era um tomate qualquer, nem tão vermelho para estar no filme do Almodóvar, mas também não tão desbotado para ser confundido com outra coisa, tipo um caqui.

Toda plenitude em volta do tomate italiano se deu quando eu percebi o quanto eu era feliz por alguém ter me pedido um tomate italiano. Um só, só um tomate. Em casa tinha uma pessoa me esperando. Alguém aguardava por mim e pelo tomate. E quantas outras vezes que eu comprei tomate. Mas só naquele dia banal, entre abobrinhas e pepinos, eu dei por mim que eu era feliz. Como eu fui feliz escolhendo um tomate. Um tomate italiano que provavelmente foi escolhido errado enquanto eu pensava que eu fiz a melhor escolha para a minha vida.

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Silvana Righi

E-mail: righilealsilvana@gmail.com

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